O balanço base zero é passo essencial para a venda da instituição. As contas fechadas mostram que o banco não precisa de mais capital.
Está finalmente fechado o balanço ‘base zero' do Novo Banco, documento considerado indispensável para que um processo de venda da instituição possa avançar. Até à próxima semana deverá estar oficializado o universo final deste banco de transição que nasceu a 4 de Agosto, consequência da decisão de resolução do Banco Espírito Santo (BES) tomada um dia antes, no primeiro domingo desse mês. Em resultado, saber-se-á exactamente qual é o ponto de partida do Novo Banco e o que ficou para trás, no ‘bad bank'. Se o mesmo vai ou não ser tornado público, ainda é cedo para saber.
Ao que sabe o Diário Económico, dos números finais deste balanço de arranque do Novo Banco resulta que a instituição financeira liderada por Eduardo Stock da Cunha não precisa de mais capital extra face aos 4,9 mil milhões de euros injectados aquando da resolução. O rácio common equity tier 1 do banco era, quando surgiu este banco de transição, de 8,5%.
Essa dúvida chegou a estar em cima da mesa, tendo em conta que foi feita uma primeira, rápida, separação de activos quando foi anunciada a resolução. Os ajustes a esta divisão entre o BES e o Novo Banco poderiam implicar também, no limite, acertos nas necessidades de capital do banco. Ainda assim, e à semelhança do BCP, BPIe CGD, a instituição tem pela frente o exame do BCE, ainda que não se saiba qual o calendário no caso do Novo Banco.
Pronto este balanço ‘base zero', não é ainda claro se a equipa de Stock da Cunha vai ou não divulgar estas contas de arranque do Novo Banco. No limite, estes números podem servir apenas para gestão interna e para o trabalho de contacto com potenciais compradores. Até porque a auditoria promete prolongar-se até, pelo menos, ao mês de Novembro. Mas não divulgar nada ao mercado pode, no limite, ser encarado como sinal de que há motivos menos positivos para tal. Com tanta expectativa e pressão sobre a instituição, toda a gestão da divulgação de informação tem de ser feita com algumas ‘pinças'.
Seja como for, algo terá mudado com a saída de Vítor Bento e a entrada da equipa de Eduardo Stock da Cunha. Oprimeiro quereria esperar que o trabalho de auditoria estivesse totalmente concluído antes de dar este dossier das contas por fechado. A nova gestão do Novo Banco veio com um mandato claro para acelerar a venda e sabe que, independentemente do carimbo dos auditores da PwC, que estão a analisar as contas desde o início de Setembro, quem vier a comprar a instituição irá fazer sempre o seu próprio processo prévio de ‘due dilligence' antes de assinar qualquer contrato. Por outro lado, em qualquer empresa ou instituição financeira o fecho de contas é feito antes do carimbo final dos auditores que, entretanto se espera que chegue também. Este acerto final é ainda importante para o trabalho que a equipa de Luís Máximo dos Santos tem de fazer no BES, definidos que estejam em absoluto os activos e passivos que ficaram daquele lado.
Há ainda a questão das contas trimestrais que entretanto começarão a ser fechadas, já que o terceiro trimestre do ano já terminou. E essas contas - que abrangem os meses de Julho, Agosto e Setembro - são aguardadas talvez com mais expectativa, tendo em conta que já vão reflectir os efeitos da crise que se abateu sobre o BES e que daria origem à medida de resolução aplicada em Agosto.
Admite-se como altamente provável que o Novo Banco, a conseguir-se a venda, seja alienado por um montante que não permita recuperar integralmente os 4,9 mil milhões de euros injectados pelos bancos. Mas mais do que ter de acomodar ou não alguma perda, para a banca, como para o próprio Banco de Portugal o mais importante é que a venda se faça e que, de preferência, esse processo seja breve.
Tal como o Diário Económico já noticiou, Carlos Costa quererá, em conjunto com a equipa de Stock da Cunha e o BNP Paribas, que está a assessorar a operação, possam ter, até ao final do ano, o modelo de venda e o processo de alienação já em curso
buy 81,25 Bes721