Porto Alegre, 17 de novembro de 2017 – SAFRAS & Mercado revisou a estimativa da produção brasileira de café 2017/18 para 50,45 milhões de sacas de 60 quilos, reduzindo a projeção em relação ao número anterior, que era de 51,1 milhões de sacas. Assim, SAFRAS indica uma queda na produção de 10% contra a safra 2016/17, apontada em 55,75 milhões de sacas.
Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, a safra brasileira 2017/18 é menor do que a esperada inicialmente. “Os problemas de granação resultaram em uma peneira mais miúda, que levou a uma quebra de renda. O Sul e o Cerrado de Minas e a Mogiana em São Paulo foram as regiões mais afetadas”, avaliou.
No Sul de Minas, enquanto o percentual normal de peneira 17/18 (graúda) gira em torno de 30% do lote, nesse ano ficou entre 20% a 25%. “Lógico que isso impacta a produção final”, afirma.
Assim, SAFRAS revisou para baixo o seu número de safra de arábica, passando de 39,60 milhões para 38,80 milhões de sacas. A queda no arábica é compensada pela revisão para cima no conilon, que passou de 11,50 milhões para 11,65 milhões de sacas. Com isso, a safra brasileira alcança esses 50,45 milhões de sacas, o que corresponde a 700 mil sacas abaixo da previsão
anterior.
Barabach observa que a queda de 10% da safra em relação à temporada passada reforça o sinal de aperto na oferta e projeta estoques muito baixos ao final da temporada, o que tende a suavizar as investidas de baixa nas cotações internacionais.
Comercialização
A comercialização da safra de café do Brasil 2017/18 (julho/junho) chegou a 60% até o dia 14 de novembro. O dado faz parte de levantamento de SAFRAS & Mercado. No último mês, a comercialização avançou em 7 pontos percentuais. As vendas estão atrasadas em relação ao ano passado, quando 68% da safra 2016/17 estava comercializada até então. A comercialização está à
frente da média dos últimos 5 anos, que é de 58%.
Com isso, já foram comercializadas 30,03 milhões de sacas de 60 quilos, tomando-se por base a estimativa de SAFRAS & Mercado, de uma safra 2017/18 de café brasileira de 50,45 milhões de sacas.
Segundo Gil Barabach, o ritmo segue moroso na comercialização. “Alguns operadores ainda se surpreendem com a capacidade do produtor em segurar o café. Ao que tudo indica, os produtores estão mais capitalizados do que se esperava”, observa. O reflexo disso, são diferenciais firmes no FOB exportação e um fluxo comercial mais compassado. “Eles até aproveitaram o dólar mais alto para fechar alguma posição, mas em volumes pequenos. A grande maioria prefere segurar os cafés melhores, apostando no potencial de alta de uma safra aquém do esperado. E em paralelo vem dosando o fluxo de venda dos cafés mais fracos de bebida, ainda bastante valorizados diante da agressividade da demanda interna”, descreve.
A queda de braço entre compra e venda deve ficar ainda mais acirrada com o andamento da entressafra. Por enquanto, o operador externo mostra pouca sensibilidade tanto em relação ao aperto atual como também em relação aos temores produtivos em torno da próxima safra nacional, observa o consultor.
“Para ajustar esse descompasso, o preço interno passa por um deslocamento positivo em relação à referência externa. O custo disso é a menor liquidez dos negócios”, indica. “Na última vez foi produtor quem saiu perdendo, uma vez que a cotação não subiu e ele acabou micando com o produto na mão, observando nossos concorrentes elevarem o ‘share’ de mercado”, concluiu.
Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS