NB flexibiliza condições para fechar troca de dívida
Aquisição de 75% das obrigações pode cair como condição de sucesso.
- Jornal de Negócios
- 2 Oct 2017
- MARIA JOÃO GAGO
ONovo Banco (NB) está preparado para deixar cair a condição que faz depender o sucesso da oferta de compra de dívida da aquisição de 75% das obrigações. O Negócios sabe que, a poucas horas do fecho da operação, o objectivo que concentra os esforços da instituição é conseguir gerar uma folga de solidez de 500 milhões de euros, já depois de contabilizados os custos que terá de assumir com os depósitos que podem ser constituídos pelos obrigacionistas que venderem os seus títulos. A possibilidade de o Novo Banco deixar cair as condições de sucesso da operação está prevista no memorando da oferta, publicado a 24 de Julho. O documento refere que a aquisição de obrigações será bemsucedida se, por um lado, a instituição adquirir 75% da dívida (tendo por referência o valor nominal dos títulos), incluindo pelo menos 1.000 milhões emitidos pela sucursal de Londres. A segunda condição diz respeito à necessidade de estarem cumpridas as condições indispen- sáveis à venda do NB. No entanto, o memorando deixa claro que “o oferente reserva-se o direito de renunciar discricionariamente a qualquer das condições acima previstas, podendo vir a fazêlo a qualquer momento até ao momento do anúncio dos resultados da oferta”. O documento não aponta uma data precisa para a divulgação do balanço da operação, apenas refere que o anúncio será feito “assim que possível após a data de encerramento da oferta”. Ou seja, os resultados podem ser divulgados a partir das 18:00 desta segunda-feira.
Oferta já permite compra de 55,54% da dívida
A possibilidade de o Novo Banco (NB) deixar cair, pelo menos, a condição que obriga à compra de 75% da dívida foi colocada em cima da mesa depois do desfecho das assembleias-gerais de obrigacionistas da última sexta-feira. Estas reuniões permitiram à instituição elevar para 16 o número de emissões cuja aquisição passou a ser obrigatória por decisão dos próprios investidores. Este mecanismo garantiu a compra de títulos avaliados em 4.075 milhões, ou seja, 49% do total da dívida que o banco pretende adquirir. Além das obrigações que a instituição vai adquirir em resultado da aprovação da proposta que tornou a compra compulsiva para 16 emissões, até sexta-feira ao início da tarde, o NB já tinha recebido ordens irrevogáveis de venda de obrigações com um valor nominal de 559 milhões de euros. Assim, quando foram comunicados os resultados das assembleias de obrigacionistas de sexta-feira, a instituição tinha assegurado a compra de obrigações avaliadas em 4.604 milhões de euros, ou seja, 55,54% do total da dívida. Os dados divulgados pelo Novo Banco não dão ideia de qual a folga de solidez que é gerada pela compra destes 4.604 milhões de euros de obrigações. No entanto, nas assembleias-gerais de sexta-feira, a instituição liderada por António Ramalho garantiu a compra a desconto de 14 emissões de dívida, o que permite já contabilizar poupanças de 392 milhões de euros face ao valor nominal destes títulos. Este valor não reflecte o montante de juros que o banco vai deixar de pagar pelo facto de adquirir os títulos antes da data prevista para o reembolso. Quando a operação foi lançada, o cenário central do NB apontava para que a maior parte da folga de solidez de 500 milhões fosse gerada pela poupança de juros. Mas o facto de a instituição ter conseguido comprar 14 linhas a desconto, pode fazer com que sejam as perdas de capital dos investidores a gerarem aquela almofada.