Desastre afeta pouco produção da Vale, mas pode ter impactos extras, dizem analistas
SÃO PAULO (Reuters) - O rompimento de uma barragem de rejeitos da Vale em Brumadinho (MG), que deixou um saldo de dezenas de mortos e centenas de desaparecidos até o momento,
tem pouco reflexo imediato sobre a produção da companhia, mas pode disparar medidas do governo com potencial impacto sobre a empresa e o setor de mineração, alertaram analistas de mercado.
O rompimento da barragem em Brumadinho deixou 60 mortos e 292 desaparecidos após uma enorme avalanche de lama de rejeitos que atingiu comunidades e área administrativa da própria Vale, segundo a mais recente atualização de números de vítimas da tragédia, divulgada na manhã desta segunda-feira.
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“A Vale deve ter flexibilidade, dada sua capacidade ociosa, de potencialmente compensar quaisquer perdas de curto prazo nos embarques que poderiam se desdobrar a partir deste local com outras operações, e ainda entregar (uma produção) dentro de sua projeção anual, em nossa visão”, escreveram analistas do Credit Suisse em nota a clientes no domingo.
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A equipe de analistas de mineração do BTG Pactual apontou que a tragédia, que já registra mais vítimas fatais do que o caso de Mariana, deverá
“tornar muito mais dura” a regulação do setor de mineração no Brasil, o que poderá inclusive atrasar as perspectivas da Vale de reiniciar operações da Samarco em 2020.
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De acordo os profissionais do BTG, a mina do Feijão, no complexo Paraopeba, produziu cerca de 7,8 milhões de toneladas em 2017 e provavelmente um nível similar em 2018,
“o que significa aproximadamente 2 por cento da produção total de minério de ferro da Vale”, estimada em perto de 390 milhões de toneladas no ano passado.
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Analistas do UBS destacaram em relatório
que os investidores ainda têm muitas dúvidas sobre as implicações do desastre, principalmente com relação a impactos sobre a produção de minério de ferro no curto prazo e custo de indenizações.
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Já a XP Investimentos apontou concordar com a visão de que o l
icenciamento de barragens e novas minas “deve ficar ainda mais desafiador”, mas ressaltou em nota que a Vale tem adotado novas tecnologias que “estão sendo utilizadas e aprimoradas, o que deve mitigar o risco ao longo do tempo”.
Desastre afeta pouco produção da Vale, mas pode ter impactos extras, dizem analistas | Reuters