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Forumer storico
ANÁLISE-Fragilidade econômica do Brasil amplia o dilema "entre a cruz e a espada"
BRASÍLIA (Reuters) - Os países em desenvolvimento enfrentam um equilíbrio delicado de responder com força a recessões desencadeadas pelo coronavírus sem causar danos prolongados às finanças públicas, ao câmbio ou à credibilidade da política monetária. E para nenhum país isso é mais verdadeiro do que para o Brasil.
A maior economia da América Latina está caminhando para sua maior contração econômica de todos os tempos já carregando uma das maiores dívidas e déficits orçamentários e uma das taxas de câmbio mais fracas do que qualquer mercado emergente do mundo.
O Deutsche Bank estima que as medidas de auxílio fiscal e monetário do Brasil, que envolveram gastos orçamentários e injeção de liquidez, podem somar 30% do Produto Interno Bruto (PIB).
(...)
“Tão logo passe a pandemia, nós vamos ter uma relação dívida/PIB acima de 90%. Temos que mostrar que essa tendência da dívida/PIB é negativa. Se não, ninguém vem para cá mais. Quem vai emprestar dinheiro para um país com dívida crescendo?”, disse ele, referindo-se aos fluxos de investimento estrangeiro.
A dívida e o déficit orçamentário do Brasil são significativamente maiores do que a média de outras nações emergentes com classificação de risco de crédito semelhante. Ambos devem aumentar acentuadamente este ano.
Essa tendência de alta vale para os vizinhos latino-americanos, mas a maioria está partindo de uma posição mais forte. A dívida da Colômbia é de cerca de 50% do PIB, e do Chile e do Peru é de cerca de 30%
(...)
Ao diminuir sua perspectiva sobre a dívida soberana do Brasil no mês passado, a agência de classificação Fitch disse que o déficit do governo, incluindo despesas com juros, aumentará para 13% do PIB este ano, quase o dobro da mediana de 6,8% para países com a mesma classificação de crédito “BB”.
A relação dívida/PIB esperada para o Brasil neste ano de 90% é consideravelmente superior à mediana atual de 58,4% dos países com uma classificação “BB”. As previsões do setor privado sugerem que a proporção pode chegar a 100% dentro de alguns anos.
O Banco Central do Brasil já tomou medidas equivalentes a mais de 16% do PIB, segundo sua própria estimativa, para injetar liquidez e empréstimos em todo o sistema financeiro.
(...)
O real desvalorizou mais de 31% em relação ao dólar este ano, ao patamar nominal mais baixo de todos os tempos, em grande parte devido às taxas de juros em queda e a enormes saídas de capital.
O Brasil registrou uma saída recorde de 22,2 bilhões de dólares em ações e títulos em março, conforme a crise do coronavírus, o colapso dos preços dos petróleo e riscos políticos crescentes em Brasília levaram investidores a fugir dos mercados locais.
(...)
Julia Braga, professora associada de economia da Universidade Federal Fluminense, concorda que há um limite para o quão baixo os juros podem chegar sem efeitos negativos nos mercados financeiros.
Mas ela defende que não é apenas errado, mas perigoso dizer que o governo e o banco central não podem fornecer mais estímulos. Embora a dívida do Brasil seja grande, é principalmente denominada em reais, portanto pode ser financiada pela poupança doméstica sem o risco de azedar os ânimos dos investidores estrangeiros, argumenta.
(...)
Como observou o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, o perfil de vencimentos da dívida pode ser reduzido, atendendo à demanda por títulos de mais curto prazo e amenizando pressões de refinanciamento que o Tesouro possa enfrentar.
“O banco central é o credor de último recurso e pode —e deve— comprar títulos no mercado secundário”, afirmou Braga.
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ANÁLISE-Fragilidade econômica do Brasil amplia o dilema "entre a cruz e a espada"
BRASÍLIA (Reuters) - Os países em desenvolvimento enfrentam um equilíbrio delicado de responder com força a recessões desencadeadas pelo coronavírus sem causar danos prolongados às finanças públicas, ao câmbio ou à credibilidade da política monetária. E para nenhum país isso é mais verdadeiro do que para o Brasil.
A maior economia da América Latina está caminhando para sua maior contração econômica de todos os tempos já carregando uma das maiores dívidas e déficits orçamentários e uma das taxas de câmbio mais fracas do que qualquer mercado emergente do mundo.
O Deutsche Bank estima que as medidas de auxílio fiscal e monetário do Brasil, que envolveram gastos orçamentários e injeção de liquidez, podem somar 30% do Produto Interno Bruto (PIB).
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“Tão logo passe a pandemia, nós vamos ter uma relação dívida/PIB acima de 90%. Temos que mostrar que essa tendência da dívida/PIB é negativa. Se não, ninguém vem para cá mais. Quem vai emprestar dinheiro para um país com dívida crescendo?”, disse ele, referindo-se aos fluxos de investimento estrangeiro.
A dívida e o déficit orçamentário do Brasil são significativamente maiores do que a média de outras nações emergentes com classificação de risco de crédito semelhante. Ambos devem aumentar acentuadamente este ano.
Essa tendência de alta vale para os vizinhos latino-americanos, mas a maioria está partindo de uma posição mais forte. A dívida da Colômbia é de cerca de 50% do PIB, e do Chile e do Peru é de cerca de 30%
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Ao diminuir sua perspectiva sobre a dívida soberana do Brasil no mês passado, a agência de classificação Fitch disse que o déficit do governo, incluindo despesas com juros, aumentará para 13% do PIB este ano, quase o dobro da mediana de 6,8% para países com a mesma classificação de crédito “BB”.
A relação dívida/PIB esperada para o Brasil neste ano de 90% é consideravelmente superior à mediana atual de 58,4% dos países com uma classificação “BB”. As previsões do setor privado sugerem que a proporção pode chegar a 100% dentro de alguns anos.
O Banco Central do Brasil já tomou medidas equivalentes a mais de 16% do PIB, segundo sua própria estimativa, para injetar liquidez e empréstimos em todo o sistema financeiro.
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O real desvalorizou mais de 31% em relação ao dólar este ano, ao patamar nominal mais baixo de todos os tempos, em grande parte devido às taxas de juros em queda e a enormes saídas de capital.
O Brasil registrou uma saída recorde de 22,2 bilhões de dólares em ações e títulos em março, conforme a crise do coronavírus, o colapso dos preços dos petróleo e riscos políticos crescentes em Brasília levaram investidores a fugir dos mercados locais.
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Julia Braga, professora associada de economia da Universidade Federal Fluminense, concorda que há um limite para o quão baixo os juros podem chegar sem efeitos negativos nos mercados financeiros.
Mas ela defende que não é apenas errado, mas perigoso dizer que o governo e o banco central não podem fornecer mais estímulos. Embora a dívida do Brasil seja grande, é principalmente denominada em reais, portanto pode ser financiada pela poupança doméstica sem o risco de azedar os ânimos dos investidores estrangeiros, argumenta.
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Como observou o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, o perfil de vencimentos da dívida pode ser reduzido, atendendo à demanda por títulos de mais curto prazo e amenizando pressões de refinanciamento que o Tesouro possa enfrentar.
“O banco central é o credor de último recurso e pode —e deve— comprar títulos no mercado secundário”, afirmou Braga.
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ANÁLISE-Fragilidade econômica do Brasil amplia o dilema "entre a cruz e a espada"