João Rendeiro è un ex-banchiere che ha avuto pesanti problemi con la giustizia portoghese allorchè la banca da lui guidata, il Banco Privado Português, è stato messo in liquidazione nel 2010.
Ironizzando, si potrebbe dire che di frodi se ne intende....
Il personaggio tiene un blog molto seguito e non manca di commentare le vicende ESFG/BES, con i cui vertici è in polemica da tempo sul piano personale.
Ieri ha usato il suo blog per ribadire la sua. Consiglio vivamente di leggerlo, magari con l'aiuto del traduttore di google, visto che fornisce dati e informazioni a mio avviso molto interessanti:
Os Credores do Grupo Espírito Santo
Posted on 29 June 2014 in Artigos, Destaque, Documentos
As notícias sobre o GES são cada vez mais arrepiantes e teme-se o pior: a implosão da cascata acionista do GES, pesadas perdas para os detentores do “papel comercial” da ESI e da RIOFORTE e, no limite, uma intervenção do Banco de Portugal no BES.
O GAP económico entre ativos menos passivos ultrapassa os € 4 mil milhões negativos na ESI o que significa que é praticamente impossível que uma transformação de dívida em capital da RIOFORTE resolva o problema.
A estratégia que tem sido seguida pela liderança do GES (e como explicarei adiante do próprio Banco de Portugal) para enfrentar a presente crise é o que se poderia designar por “cedência mínima”. Isto é, vão-se tentando apagar os fogos que vão aparecendo e ceder o mínimo possível. Isto foi particularmente claro na substituição de Ricardo Salgado. Apesar das notícias em contrário foi, de fato, tentado que fosse um membro da família – José Maria Ricciardi – quem sucedesse a Ricardo Salgado mas perante a recusa do BdP optou-se pelo plano B – Morais Pires. Como é patente Morais Pires seria a sucessão natural de Ricardo Salgado se vivêssemos uma situação de “business as usual” e daí a carta de despedida de Ricardo Salgado ao BES. Tudo tranquilo e tudo normal.
Simplesmente, nada está tranquilo nem nada esta normal. A liderança do GES arrisca-se, qual orquestra do Titanic, a continuar a tocar enquanto o navio se afunda.
Perante os gravíssimos problemas, as respostas do GES parecem “too little, too late” sendo que uma resposta titubeante é, em si mesmo, um fator de agravamento da crise.
Antes de escrever mais devo fazer um comentário de ordem pessoal. Apesar de, pessoalmente, estar muito magoado com a forma como certos elementos do GES agiram comigo e com o BPP – em contornos de envolvência política que um dia será importante conhecer – devo dizer que desejaria que os danos no GES e no BES fossem contidos o mais possível. Não tenho a menor dúvida que uma eventual implosão do GES traria – como em parte já trouxe – um enorme prejuízo para Portugal nomeadamente nas relações com o Brasil, como explicarei adiante. Apesar disto parece também perfeitamente claro que o Governo português não tem a mínima hipótese de dar qualquer apoio ao GES. Tivessem Ricardo Salgado e José Maria Ricciardi tido a presciência de agir de forma diversa noutros casos e estariam agora bem mais à vontade para solicitar apoio.
A cascata do GES, como é sabido, começa na ESPÍRITO SANTO CONTROLO sediada no Luxemburgo. Esta sociedade é detida em partes quase iguais pelos cinco membros da família refundadores do GES no montante de 83% sendo que os restantes 17% – originalmente detidos por José Roquete – são detidos por um investidor passivo, Patrick Monteiro de Barros. A ESPÍRITO SANTO CONTROLO tem por sua vez 51% da ESPÍRITO SANTO INTERNACIONAL, sedeada no Luxemburgo. Uma questão central – que não tem sido tratada nos Media – é a de quem são, afinal, estes investidores ditos institucionais que têm 49% da ESI. Parece-me óbvio que estes ditos investidores institucionais são fundos de pensão de “entidades amigas” que nunca na sua vida pensaram estar a investir numa entidade insolvente. Esperam-se graves riscos reputacionais para estas entidades e para as cadeias de decisão nelas envolvidas, incluindo o Instituto de Seguros de Portugal e a CMVM. A ESI detém, por sua vez, 100% de outra sociedade do Luxemburgo a ES IRMÃOS, a qual detém 100% da RIOFORTE – atualmente a holding central do GES.
A RIOFORTE por sua vez, indiretamente através dos seus acionistas ESI e ES IRMAÕS, detém cerca de 45% da ESPÍRITO SANTO FINANCIAL GROUP com sede no Luxemburgo e que está cotada nas Bolsas de Lisboa e Luxemburgo (tendo tido recente cotação nas Bolsas de Londres e Nova York – o que ainda se poderá vir a revelar crucial pela eventual e pesadíssima possibilidade de intervenção destes reguladores).
A ESFG é uma importante estrutura bancária e de gestão de ativos. Uma participação de 25% no BES e a partir deste em numerosos bancos a nível internacional.
Participações a 100% em várias unidades de Private Banking, nomeadamente na Suíça e Panamá. No seu conjunto estas unidades de PB gerem cerca de € 10 mil milhões de ativos de clientes avultando o Banco na Suíça que representa uns 80% do total. Esta operação Suíça foi recentemente reforçada com 700 clientes Brasileiros numa nova unidade sediada em Zurique. Globalmente, nestes € 10 mil milhões de ativos sob gestão, a clientela Brasileira é muito importante pelo que qualquer incidente de crédito neste segmento terá repercussões muito negativas na imagem de Portugal no Brasil.
A ESFG é também uma importante unidade seguradora, nomeadamente através da TRANQUILIDADE. Esta seguradora é também uma significativa unidade de gestão de ativos nas suas reservas técnicas, gerindo mais de € 7 mil milhões de ativos financeiros. No seu conjunto e excluindo os montantes em gestão no BES – ainda muito mais expressivos (ESAF € 16 mil milhões, por exemplo) mas de acesso bloqueado pelos reguladores portugueses – a ESFG gere ativos superiores a € 17 mil milhões. Evidentemente estes ativos são de clientes, na esmagadora maioria em gestão discricionária e não propriedade do GES.
Segundo o Jornal de Negócios a dívida total consolidada da ESI e RIOFORTE no final de 2013 era de € 7 339 mil milhões. É uma grande surpresa que praticamente a totalidade desta dívida esteja titulada em instrumentos de curto prazo até 90 dias. O GES esteve a financiar atividade de médio e longo prazo com títulos de curtíssimo prazo. No jargão financeiro é um brutal “mismatch” de maturidades revelando uma absoluta deficiência na gestão de risco destas entidades e de quem analisou o seu rating. Um erro de gestão financeira difícil de explicar.
Por outro lado, uma avaliação “quick and dirty” dos ativos consolidados da RIOFORTE aos preços de mercado de hoje chegará, com grande generosidade, aos € 3 mil milhões. Isto significa que o GAP económico que se pensava ser de € 2.5 mil milhões estará para cima dos € 4 mil milhões.
Qualquer estudante de economia e finanças do primeiro ano universitário sabe que não se cobre um GAP económico vendendo ativos. Pelo contrário, a forma de “cristalizar” esse GAP é justamente vendendo os ativos pois gera-se liquidez certamente para pagar credores de curto prazo mas o GAP económico fica exatamente igual até que, no limite, se venderão todos os ativos restando – ainda e sempre – o GAP económico por cobrir.
Como é óbvio a cobertura do GAP económico só poderá acontecer com uma valorização dos ativos subjacentes, nomeadamente do ativo principal – a participação no BES. Ou pela redução “write-off” da dívida, em termos diretos (redução do valor nominal da divida a 50% neste caso) ou indiretos pelo aumento de capital da RIOFORTE ao dobro do valor dos ativos. Note-se, não obstante, que mesmo numa dramática revalorização do ativo principal – o BES – o contributo para uma cobertura do GAP seria limitada.
No final de 2008 a capitalização do BES era de cerca de € 7.5 mil milhões sendo agora inferior a € 4 mil milhões. Considerando que a ESFG tem apenas 25% do BES mesmo que o BES subisse 100% o impacto seria de € 1 mil milhões, mas de apenas € 500 milhões na RIOFORTE pois esta entidade tem apenas cerca de 50% da ESFG. Diria que é impossível que uma revalorização de ativos nos mercados venha a cobrir tal GAP económico.
Os credores da dívida consolidada de € 7,3 mil milhões que estão identificados são o ESFG com € 1,3 mil milhões (através da ESFIL e ESPAN), € 900 milhões da PT (papel comercial RIOFORTE que se vence em Junho), € 800 milhões no BES (papel comercial ESI e RIOFORTE que se vence em Outubro e Novembro). Os restantes € 4,5 mil milhões não estão identificados mas é muito provável que as unidades de gestão de ativos do ESFG tenham papel muito relevante na colocação destes ativos nas respetivas carteiras de investimento. Parecendo, a meu ver, evidente que a dívida do GES terá que ter um forte “write-off” – que estimo nos 50%, coloca-se a questão de como fazer isto. A estratégia seguida pela liderança do GES de “business as usual” parece completamente inadequada para este objetivo.
Quem vai comprar hoje papel comercial da RIOFORTE ou da ESI nestas condições de notória insolvência de domínio publico? Mesmo nas unidades de PB como poderão os gestores colocar nas carteiras de clientes a renovação do papel comercial? Como explicar a investidores institucionais e particulares que as aplicações de liquidez de curto prazo que fizeram sofrerão um pesada perda de capital?
A questão é extremamente séria e altamente embaraçosa evidentemente mas estando a reestruturação da dívida do GES na praça pública, a meu ver só poderá ter algum êxito com base num plano pública e claramente explicado. E muito rapidamente.
Isto exigiria, por sua vez, um consenso dos cinco ramos da família – algo muito difícil de atingir num contexto de pesadas perdas. Em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão, é o aforismo que se poderia aplicar a Salgado e Ricciardi. Na ausência de uma estratégia proactiva temo bem que possa suceder um primeiro evento de crédito – isto é um primeiro não pagamento de papel comercial, originador de uma espiral implosiva. Mas, a meu ver, o Banco de Portugal não tem andado muito melhor.
Ao longo do último ano e sob o peso da transferência da supervisão para o BCE o Banco de Portugal fez o impensável. Pediu as contas e fez auditorias aos grandes clientes dos bancos e aí descobriu os problemas da ESI – que existiam pelo menos desde 2008. O BdP atuou discretamente no sentido de retirar do BES os ativos tóxicos do GES fazendo-os aterrar algures noutras jurisdições (mesmo que fosse o Instituto de Seguros de Portugal) e forçando um aumento de capital no BES.
Até aqui tudo bem. Mas onde o BdP andou muito mal, em meu entender, foi em perspectivar o problema BES como o de um mero rácio de solvabilidade, como se no BES bastasse retirar os ativos tóxicos e equilibrar o rácio de solvabilidade. Então e todo impacto reputacional sobre o BES de um “default” ou uma “reestruturação musculada” no GES? Ou o impacto reputacional sobre pessoas como Morais Pires ou Joaquim Goes em todo este imbróglio? Como ficará, por exemplo, Joaquim Goes na fotografia depois de ser o responsável pelo rating interno da ESI no BES? E o que se comentará sobre o CEO de um Banco que recorreu ao RERT?
E o que dizer da rábula sobre as propostas para a Administração do BES onde o Bdp dá a entender que poderá não aprovar pessoas que vão ser propostas a 31 de Julho, deixando todo o processo a “fritar em lume brando”? Não deveria o BdP dizer de forma clara se aceita ou não aceita estas pessoas e, ao atuar de forma decidida, efetuar um verdadeiro “ring fence” sobre o BES?
Temo sinceramente uma implosão na dívida do GES e, não tenho dúvidas, que isso – a acontecer – afetaria seriamente a reputação do BES e mesmo de Portugal.
Estes claros riscos exigiriam uma atuação decidida do BdP mostrando que os novos nomes (não necessariamente os que estão em cima da mesa evidentemente) teriam todo o seu apoio e que as Autoridades e o BCE apoiariam a instituição. Isto permitiria terminar imediatamente a especulação em torno do BES e todo o (mau) fluxo de notícias seria concentrado no GES – onde de fato hoje estão. Mas não, vai-se andar um mês ao sabor da especulação mediática num banco cotado em Bolsa onde a cotação é, em si mesmo, um fator de confiança ou desconfiança.
É evidente que eu não tenho a mais pequena dúvida que as Autoridades apoiarão o BES se necessário for. Mas para quê este desgaste que destrói valor e poderá mesmo aumentar em muito o ónus de um qualquer apoio futuro? Será que o Vice-Governador do BdP Pedro Duarte Neves não enxerga algo tão óbvio? Ou mais uma vez, por cobardia, não se tomam as decisões que se impõem em tempo útil para proteger as instituições?
Tudo visto e somado a telenovela BES/GES tem todos os condimentos para acabar muito mal, com um devastador efeito sobre os patrimónios de muitas pessoas e instituições.