BCP e BPI afundam com incerteza no Novo Banco, Polónia e "research"
14 Setembro 2015, 13:45 por Nuno Carregueiro |
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As acções do BCP afundam mais de 6% e já tocaram num novo mínimo de dois anos abaixo dos 5 cêntimos. O BPI desvaloriza mais de 4% no dia em que o Citigroup cortou o preço-alvo do banco em 17%.
As acções dos bancos portugueses estão em forte queda na sessão desta segunda-feira, penalizadas sobretudo pela incerteza que rodeia o processo de venda do Novo Banco.
Os títulos do
BCP caem 5,59% para 4,88 cêntimos, sendo que durante a sessão estiveram já a cair 6,55% para 4,83 cêntimos, o valor mais baixo desde Julho de 2013.
No
BPI a tendência é um pouco menos negativa, com as acções do banco liderado por Fernando Ulrich a cederem 4,15% para 80,9 cêntimos, um mínimo desde Janeiro deste ano.
A imprensa tem noticiado que o processo de venda do Novo Banco poderá ser cancelado devido ao valor reduzido que está a ser oferecido pelos interessados na instituição que resultou da resolução do BES.
O resultado das negociações entre o Banco de Portugal e a Fosun deverá ser conhecido esta semana. O valor que está em cima da mesa anda em torno dos dois mil milhões de euros, o que significaria perdas de 2,9 mil milhões para o sistema financeiro. Num quadro destes, a CGD perderia mais de 700 milhões, o BCP 580 milhões e o BPI cerca de 300.
Segundo avança o Negócios esta segunda-feira, os
maiores bancos mostram-se extremamente preocupados com as escassas informações que têm sobre as potenciais perdas numa alienação.
Se o banco fosse vendido com perdas assumidas desta dimensão, os bancos poderiam enfrentar riscos que desconhecem, nomeadamente o impacto que tal poderá ter nos resultados e no capital, apesar das garantias do regulador em contrário.
"O importante é haver uma decisão, aí o mercado descontará o que tem que descontar.
Enquanto o mercado não souber o que vai acontecer, essa incerteza é pior", afirmou à Reuters Ricardo Pinto, operador da Golden Broker no Porto.
"Com a saída da Fosun" da corrida ao Novo Banco,
"o mercado começa a descontar que o Novo Banco não seja vendido por muito mais de 2.000 milhões de euros. Esse valor corresponde a um 'tangible book value' de cerca de 0,5 vezes. A compra das operações portuguesas do Barclays pelo Bankinter foi a 0,4, ou seja, o preço final e o impacto negativo pode ser maior", disse o mesmo operador à agência de notícias.
Polónia continua a pressionar BCP
A pressionar o BCP continua a estar a situação do banco na Polónia, devido à perspectiva de perdas com a conversão de empréstimos para zlotys por parte do Bank Millenium, que é controlado pelo banco português.
Segundo o jornal polaco Dziennik Gazeta Prawna, o partido da oposição Lei e Justiça está a preparar uma proposta de lei sobre a conversão de créditos
mais dispendiosa para a banca que a última que foi rejeitada pelo Senado.
Este partido está bem posicionado nas sondagens para ganhar as eleições legislativas marcadas para este ano na Polónia, daí que esteja a pressionar as acções do BCP.
Com a queda desta segunda-feira as acções do BCP acumulam já uma queda de 25,5% este ano, o que reduziu a capitalização bolsista do maior banco privado português para 2.887 milhões de euros, menos de metade do máximo registado este ano.
Research do Citi penaliza BPI
Já o BPI está também a ser pressionado por uma nota de "research" negativa que foi publicada esta segunda-feira. Segundo a Reuters, o Citigroup desceu o preço-alvo do banco de Fernando Ulrich em 17%, para 95 cêntimos.
"Enquanto Portugal oferece potencial de valorização, Angola poderá surpreender pela negativa", afirmou o Citi, assinalando que "além disso, a recente proposta do CaixaBank e a reacção de alguns dos outros accionistas do BPI introduziu incerteza em torno da direcção futura do banco".
A nova avaliação incorpora um potencial de subida dos títulos de 17%.
Desde o início do ano as acções do BPI acumulam uma queda de 20,96%, reduzindo a capitalização bolsista para 1.181 milhões de euros.
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