Centeno assume "riscos" na venda do Novo Banco
MÁRIO CRUZ/LUSA
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O ministro das Finanças assumiu esta manhã no Parlamento que pode haver "riscos" na venda do Novo Banco (NB) à Lone Star.
"Há riscos para o Fundo de Resolução (FR) naquilo que vai ser a evolução do Novo Banco", disse Mário Centeno, na comissão parlamentar de Orçamento e Finanças-
Questionado por Mariana Mortágua, do BE, o ministro assumiu que que há um "mecanismo de contingência de capital" - "que não é uma garantia" - que pode levar o FR - que é uma entidade pública - a assumir perdas até 3890 milhões de euros.
Segundo Centeno, os "riscos" do FR existirão "enquanto um conjunto de ativos [problemáticos] não for transacionado", ou seja, enquanto "permanecer no balanço" do NB.
O "mecanismo de contingência de capital" - que terá uma vigência de oito anos - levará "o Fundo de Resolução a injetar capital no Novo Banco sempre que perdas signifiquem reduções no ratio de capital que o coloquem abaixo de um determinado nível"
Ao mesmo tempo, explicou ainda o ministro, a distribuição de dividendos será impedida por oito anos, sendo os dividendos destinados a reforçar os ratios.
O banco terá por outro lado, inicialmente, uma almofada de 1000 a 1200 milhões de euros destinados a cobrir perdas com estes ativos negativos - oito mil milhões de euros no total, segundo Mariana Mortágua - antes de o Fundo de Resolução ter de entrar.
De acordo com o ministro, será o FR a gerir estes ativos e os oito anos de vigência do mecanismo permitirão que as suas vendas "não se façam ao desbarato", motivados pela pressa.
Para a deputada do BE, o que está em causa é mesmo "uma garantia", expressão que Centeno insistentemente recusou. "A Lone Star [novo proprietário] sabe que o seu banco nunca ficará insolvente porque há uma garantia do Fundo de Resolução de repor perdas até 3890 milhões de euros", explicou a parlamentar bloquista.