A União Europeia não vai tomar qualquer posição sobre um eventual alívio dos juros da dívida pública até às eleições na Alemanha, agendadas para Outubro de 2017. Essa é a convicção de António Costa, transmitida esta noite em entrevista à RTP. O primeiro-ministro disse que a União Europeia "não pode continuar a ignorar" este tema. Mas enquanto as regras não forem ajustadas, Portugal deve cumpri-las.
"Creio que não é preciso ser um grande analista político para perceber que, havendo eleições na Alemanha em Outubro de 2017, até lá a União Europeia não discutirá nada relativamente à divida", antecipa António Costa. Mas o problema existe. "Mais tarde ou mais cedo, infelizmente mais tarde do que cedo, é óbvio que a União Europeia não pode continuar a ignorar um problema que afecta o conjunto da Zona Euro e que exige uma resposta europeia integrada", acrescentou.
E se Bruxelas não se chega à frente, deve ser Portugal a avançar sozinho? Costa acha que não. "Seria inútil e contraproducente fazê-lo", sentenciou. Costa não tem dúvidas de que as "regras da União Europeia devem ser ajustadas", em particular "para dar prioridade à convergência económica" mas também para "permitir recuperar do empobrecimento e da estagnação prolongada em que estamos desde a adesão ao euro". E essas regras também devem considerar "o elevado nível de endividamento que assimetricamente se foi desenvolvendo".
Apesar de querer mudanças, Costa defende que "enquanto [as regras] não forem mudadas, devemos cumprir as regras", porque "é assim que podemos ter participação activa e leal na União Europeia"
Costa lembrou que o Governo "assentou num triplo compromisso: com os eleitores, com os parceiros parlamentares e com a União Europeia". E diz que "tem sido possível conjugar o cumprimento destes três compromissos". E tal como acontece com "aquilo que acordámos com o PEV, PCP e BE", Costa diz que o Governo se esforça por honrar os compromissos com Bruxelas.
(JdN)