Dalle note di Marques Mendes: considerazioni sulla ripresa economica portoghese e la "syrizzazione" del Bloco de Esquerda.
A REDUÇÃO DO DESEMPREGO
A novidade dos tempos que vivemos é que há muitos anos não tínhamos resultados tão bons no domínio económico e social.
Domínio social – O desemprego abaixo dos 10% e com tendência para continuar a baixar;
Domínio económico – A economia está a crescer próximo dos 2%. Não sendo nada de extraordinário para o que o país precisa, é um grande resultado face à performance dos últimos anos.
Leitura económica
Por que é que isto sucede?
Em grande medida esta tendência, que já vinha do tempo do Governo anterior, acelerou-se agora por força, sobretudo de dois factores: o crescimento do turismo e a retoma económica na Europa.
Estamos no bom caminho? Estamos, mas devíamos faz ser mais ambiciosos.
A Espanha e a Irlanda (países que também tiveram resgates) estão a crescer muito mais.
Falta uma estratégia ambiciosa. Estratégia que devia passar por reduzir o IRC; reduzir custos de contexto (caso da energia); apostar numa administração pública mais amiga da economia; investir em maior liberalização e regulação económica.
Nem Governo nem oposição apresentam propostas nesse sentido.
Leitura política
A grande leitura política é que está em curso um processo de eleitoralismo da parte do Governo como já há muito não se via.
São os resultados da economia.
É a colagem do PM à próxima visita do Papa (para além da tolerância de ponto, vai estar presente em todos os momentos, nos dias 12 e 13).
É a decisão da saída de Portugal do Procedimento de Défice Excessivo (a decisão da Comissão Europeia vai ser tomada entre 20 e 30 de Maio).
É o charme que António Costa faz aos empresários.
A oposição ainda não percebeu que António Costa está a ocupar o espaço que é tradicionalmente do PSD e do CDS.
António Costa fez com o PCP e o BE uma espécie de tratado de Tordesilhas – eles, PCP e BE, tratam do eleitorado mais à esquerda; ele, António Costa, trata do centro (centro-esquerda e centro-direita).
A MODERAÇÃO DO BLOCO DE ESQUERDA
Primeiro: Os factos
O Bloco de Esquerda aprova um relatório sobre a dívida em que faz uma cambalhota e se aproxima das posições do PS.
Francisco Louçã, o ideólogo do Bloco, dá uma entrevista ao Público em que reforça uma imagem de forte moderação das posições do Bloco de Esquerda.
Segundo: qual a leitura política de tudo isto?
Nada disto sucede por acaso. Esta moderação das posições do Bloco significa que os bloquistas estão com uma enorme apetência pelo poder.
Em concreto significa isto:
o Bloco está a preparar o futuro. O pós-eleições de 2019. Se o PS não tiver maioria absoluta e a geringonça a três não se verificar (por exemplo, com o PCP a não querer reeditar esta solução), o Bloco está a preparar as condições para ir para o Governo sozinho com o PS.
E, para isso, tem que "moderar" as suas posições políticas. Ainda os veremos a moderar as suas posições sobre a Europa e o Euro.
Há uma enorme diferença entre a estratégia do PCP e a do BE.
O PCP tem um pé dentro e um pé fora. Está próximo do poder mas quer mostrar-se distante do poder.
O BE está próximo do poder mas quer entrar mesmo no poder. Está em curso a syrização do Bloco de Esquerda.
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