O investimento tem registado, quase sem interrupções, uma trajectória descendente desde 2001. E entre 2011 e 2013, a queda acentuou-se, período ao qual se seguiu uma ligeira subida em 2014 e na primeira metade de 2015, compensada imediatamente por ligeira quebra entre meados de 2015 e o terceiro trimestre de 2016.
Neste momento, o investimento está, em termos nominais, cerca de 35% abaixo daquilo que se registava em 2008, quando se iniciou a crise financeira internacional e ainda está 10% abaixo do nível de 1995.
Neste momento, dentro da zona euro, Portugal é o terceiro país com um peso mais reduzido do investimento no seu PIB, com um valor de 15,3% em 2015, que fica abaixo dos 19,7% que são a média dos países da moeda única e superando apenas Chipre e a Grécia.
Este cenário resulta de uma combinação de factores, de onde se destacam o elevado nível de endividamento das empresas, que limita o investimento empresarial, e das famílias, que dificulta a compra de habitações, as restricções orçamentais do Estado, que colocam o investimento público a um nível baixo, as fragilidades da banca que tornam a concessão de crédito mais rara e a incerteza em relação à evolução da economia, que afasta potenciais investidores estrangeiros.
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Em Portugal, aquilo que tem vindo a acontecer ao investimento tem uma ligação muito estreita com a evolução do sector da construção.
Na viragem do milénio, quando o investimento atingiu o seu ponto máximo, a construção representava cerca de 70% do total. Depois disso, esse tipo de investimento caiu mais do que o investimento total e actualmente o seu peso está já abaixo de 50% do total.
Há pequenos sinais nos indicadores que vão sendo revelados pelo INE que dão grandes esperanças à fileira da construção para acreditar que o ano de 2017, e também o de 2018, vão ser anos de crescimento.
José de Matos, presidente da Associação Portuguesa dos Comerciantes dos Materiais de Construção (APCMC), recorda que a recuperação da fileira da construção, a braços com um pesado ajustamento há quase uma década, deu os primeiros sinais em 2014 e teve um ano de franca recuperação em 2015. Mas a forma como se comportaram esses mesmos indicadores durante o primeiro semestre de 2016 levaram-nos a temer o pior: “a maior parte dos empresários registava volumes de vendas muito inferiores a 2015”, afirma o presidente da APMC, recordando que o investimento público sofreu “um corte gigantesco de mil milhões de euros”, e que as obras do Portugal 2020 demoravam a ver-se no terreno.
O que já se conhece do último trimestre de 2016 permite-lhes, porém, respirar com algum alívio. “
Acreditamos que no ano de 2017 e de 2018 já vamos registar taxas de crescimento entre os 5 e os 10%. Continuamos a sofrer os problemas de um país que continua ‘ligado à máquina do BCE’, e muito dependente de questões externas, mas não podemos negar que o que temos pela frente são sinais muito positivos”, argumenta José de Matos.
Portugal está a reconstruir a economia. Mas é sustentável?