As acções do Banco Espírito Santo e do Espírito Santo Financial Group estão a registar fortes quedas na sessão desta sexta-feira, com os investidores a saírem das duas cotadas perante a divulgação de notícias negativas para o Grupo Espírito Santo.
O
BES segue a cair 9,83% para 0,734 euros, tendo atingido um mínimo desde Outubro do ano passado nos 0,722 euros. Já o Espírito Santo Financial Group afunda 17,57% para um mínimo histórico de 1,75 euros.
Quinta-feira ao final do dia surgiu mais uma notícia negativa para o banco. O Grupo Espírito Santo (GES) está
sob pressão para encontrar financiador para os 900 milhões de euros de papel comercial subscrito pela
Portugal Telecom e que a operadora de telecomunicações define como sendo um investimento de curto prazo. Esta aplicação vence em Julho, data em que o braço não financeiro do GES terá de renovar esta emissão de curto prazo, tendo de encontrar outros investidores ou reembolsando-a, o que implicará dispor de fundos próprios.
Esta notícia está também a afectar negativamente a Portugal Telecom, que desce 3,91% para 2,777 euros.
O
BPI Equity Research considera que a notícia que dá conta do investimento da operadora em títulos de dívida de sociedades do Grupo Espírito Santo tem um "impacto negativo" para a operadora, que
enfrenta "riscos reputacionais" com este financiamento ao GES.
Dadas as irregularidades detectadas na Espírito Santo International, uma sociedade do Grupo Espírito Santo e accionista a 100% da Rioforte, as dificuldades que o GES está a enfrentar e a controvérsia em torno do BES e do GES, vemos riscos reputacionais para a PT e Oi, já que estarão, de alguma forma, envolvidas nestas matérias devido aos acontecimentos mencionados na imprensa", escreve o analista Pedro Oliveira na nota de "research" desta sexta-feira, 27 de Junho, a que o Negócios teve acesso.
BES perde um quarto do valor em Junho
Junho está a ser um mês muito negativo para o BES em Bolsa, com as acções a acumularem já uma desvalorização de 26%, quando falta ainda uma sessão (segunda-feira) para terminar o mês.
Apesar do BES ter conseguido completar com sucesso um aumento de capital de 1.045 milhões de euros, o banco foi penalizado pela instabilidade na gestão liderança da instituição e guerra na família Espírito Santo.
O Banco de Portugal, face às irregularidades detectadas na Espírito Santo International, forçou os membros da família Espirito Santo a abandonarem a comissão executiva do BES. Após a renúncia de Ricardo Salgado ao cargo de CEO, a família Espírito Santo propôs o actual CFO (Amílcar Morais Pires) para presidente executivo.
Mas esta escolha não foi inânime e mereceu a oposição de José Maria Ricciardi, que por ter visto frustrada a intenção de suceder a Ricardo Salgado, anunciou um plano para autonomizar o BESI.
O confronto entre Ricardo Salgado e Ricciardi, que é público desde do ano passado, têm-se
extremado nos últimos dias, o que terá também contribuído para a instabilidade que as acções registam em bolsa. Acresce que a escolha de Morais Pires para CEO não tem garantias de ser aprovada, quer por parte dos accionistas na assembleia geral de 31 de Julho, quer por parte do Banco de Portugal.
O Espírito Santo Financial Group, que detém uma participação de 25,1% no BES, tem estado ainda mais pressionado em bolsa. As acções estão esta sexta-feira a cair 17,57% para 1,75 euros, o valor mais baixo de sempre. Desde o início de Junho afundam 35% e no acumulado de 2014 perdem 65%.